QUEM SABE AGORA POSSA TER PAZ!
Quiçá o meu agora esteja na hora
ideal para render-se e precisa
da solidão, mesmo estando rodeado
de criaturas pelas quais ainda preservo
as mesmas afeições de antigamente.
Tenho a impressão que vou me dar bem
nessa nova casa, embora sabendo que serei
um estranho mesmo não havendo ninguém,
somente eu.
Assim, quando definitivamente instalado,
vou ter que adaptar-me, tempo eu sei que terei
para as minhas recordações, para esboçar um sorriso
amarelo quando receber as visitas das
lembranças vivas que me fizeram feliz.
Em outras ocasiões, ocorrerão lágrimas
pela forma como as desavenças caminharam,
passos rápidos e resolutos a fim de
cumprir-se o que já estava determinado.
Coisa certa é que a nova casa será de um vazio
único e que pode chegar às raias da insanidade,
mas é preferível assim, não terei inimigos
gratuitos e não serei alvo de falsos sorrisos.
Então, vou guardar meus ideais em
prateleiras revestidas de veludo e minhas esperanças
acomodadas em um suntuoso relicário, quem sabe
assim nessa modalidade de vida, possa ter paz
mesmo com lágrimas...