A pescaria
Sou um peixinho indefeso na mão dessa pescadora,
ora ela me dá linha e eu corro pelo rio,
pensando que estou livre e vou nadando feliz,
ora ela me dá um puxão, e lá vou eu
aos trambolhões chegando perto da sua canoa.
Me esperneio, tento sair, mas não consigo.
Ela então, não sei se me castigando, solta a linha,
e lá vou eu nadando rápido, querendo me esconder,
atrás de uma pedra num igarapé que conheço bem.
Penso: me livrei da pescadora, agora ela não sabe onde estou.
Mas confesso, começo a sofrer: rezando que ela me puxe novamente.
E se ela demora a me puxar, começo a cantar o meu canto de amor,
que é pra ela se comover e começar a chorar.
Sei que quando ela chora, ela se enternece e
dá de novo aquele puxão...
Ah! como adoro esse puxão, já nem pulo, nem esperneio,
fico quietinho, roçando na beirada da canoa.
Chego a ver os pés da pescadora no corixo.
O que será que ela está imaginando, comendo seu pudim de buriti?
Estará pensando no seu peixinho indefeso?
É um amor imenso que eu sinto.
Este rio é pequeno para conter toda a minha emoção.
Estou sempre em festa junto dela.
Se eu pular pra dentro da canoa
ela não me solta mais.
Não vou ligar, não!
Pois isso é que eu quero, e ela,
pescadora experimentada, sabe disso também...
Nota: Mais uma aventura do meu “eu poético”.
A seguir a fantástica interação da minha grande amiga Clarice, minha quase conterrânea amazônica. A Clarice fez um poema completo, muito lindo, entrando no clima do peixinho...
A pescadora é totalmente atraída por esse peixinho
Seria ele o peixinho dourado que ela tanto busca?
A linha que liga a pescadora ao peixinho,
É uma linha fluídica... de amor e luz,
É a união que os mantém... A pescadora não quer matar o peixinho,
Ele só pensa em morrer, se for de amor E isso os impulsiona a correr os rios,
Vez ou outra ela busca ele, E ele, brincalhão, dá saltos em cima da água
É um balé fantástico... Ela ri, e dá linha ao peixinho,
Quem sabe um dia,
Ele venha a morar num belo aquário...Ou ela vira sereia, só pra estar junto dele,
O coração da pescadora é um aquário,
Onde o peixe dourado faz morada sem saber!