É de madrugada…
Tarde
Ou cedo demais
É de madrugada
Estou contigo
Sinto-me preenchido
Mas ao mesmo tempo
Me sinto sem nada…
E no pico do prazer
Que é ao mesmo tempo
O auge das minhas dúvidas
Te pergunto
Até que ponto estás disposta a ir
Depois de termos pensado os dois
Que o caminho estava feito
Que não havia mais nenhum local
Para onde se ir…
Porque apesar de estares parada
Ainda me sentia a correr para Ti
Neste espaço fechado
No calor
E no frio
Desta madrugada…
Abraçando-te
Como abraço por vezes o mundo
Mas sentindo a mesma impotência
De tocar
De sentir
Sem no entanto
Realmente te agarrar…
Sentindo-me embaraçado
Ainda mais despido
Por te ter dito tudo
Mas sentir
Que ainda havia mais algo para dizer
Palavras que ficavam presas
Me faziam sentir refém
Das palavras
Que não conseguia deixar de reter…
E por isso procurava
Na tua eterna confirmação
De afectos
A garantia
Da coragem de continuar
Para não te deixar fugir
Para não te deixar escapar
Confirmação
Em desafios constantes
Difíceis de alcançar
Porque não me bastavas
Só o impossível me satisfazia
Pois era o impossível
Aquilo
Que totalmente
Me podia agradar…