O TEMPO E O VENTO

Temidas vozes dominam meu silêncio

Obsessão nas trincheiras dos meus olhos

Com a língua faminta a saciar seu prazer

Degusto sua saliva quente que em forma de repelente

Espanta de forma atraente a solidão eloquente

É sabido que um coração profano

Com o passar dos anos torna-se leviano

Mas o que há fazer se o preço da vida é a dor

Sabe-se que a doçura do amor

Não passa de diabete acima do seu teor

Que na gula lambuza e ofusca

Os sombrios beijos do dissabor

Não tema o dia de amanha

Você é capaz de não viver o agora

Na intenção de que amanhã

Não exista uma manhã para se chamar aurora

Nossos corpos ficam tensos

Se encaixam e ficam presos não só por um momento

Mas sim, ocupam um tempo eterno em nossos pensamentos

Tempo que talvez esteja nulo e desatento

Mas que em questão de segundos

Já serve de sentimento pros olhos cegos do mundo

Então... O frio da brisa

Com o sopro do vento

Vai empurrando os dias ao longo do tempo

E os olhos enrugados e esbugalhados

Descobre um choro pingando por dentro

Renasce a lembrança do velho... a infância

De um dia ter tido na vida tão poucos momentos

Passam-se os dias, as chuvas, o tempo e o vento

Mortos renascem do esquecimento

E as lembranças residem em bolhas de sonhos

Ao céu de qualquer momento

(Mauricio Ife)

Contato: maumau_cezar@hotmail.com