CATEDRAL

o perigo das ruas não cala o meu amor

os demônios que mendiganham procuras

vociferam o anel guerreiro que eu porto no dedo

mas só na alma levo jóias

eu tenho no amor a arma fumegante

no olhar selvagem caço a presa sideral

porque na tenda você dança a única saudade

que me sucumbe: o corpo de promessa

catedral dos anjos carnais

eu vivo cambalos da embriaguez que é o seu amor

nada me submete porque no sexo o cão feroz se faz

eu vendo os sonhos da noite no mercado negro

assim pago o almoço da decadência que restou:

a verdade que o mundo só aceita em títulos contábeis

vocefera verbos de fogo dentro do labirinto

o meu grito de amor cria outros seres

os poderosos nabos do rei

procuram vítimas mais dóceis

só as garrafas perdidas no Dilúvio informam corretamente

o endereço do amor que me nutre de você