A rosa do asfalto
O poeta está triste
há sombras no seu olhar
seus lábios se serraram
não mais declama o amor
Se o poeta sente dor
o mundo perde sua cor
a natureza se cala
porque não tem quem as declara
Procuro pelo poeta em seus olhos
Se o vejo não o enxergo
Em suas pálpebras o chumbo
enche de bronze o meu mundo
Ofereço ao poeta uma flor
planto-a numa pequena brecha
que vaga no duro asfalto
dantes um solo fértil
hoje um grande negror
As cores vivas da flor
tão vermelha, tão viçosa
contrasta com a manta asfáltica
que tenta vencer a rosa
A rosa é o meu amor
o asfalto a sua dor
(Tita)