OLHO do TROVÃO

Vê se me esquece

eu sou o que e sou

mais eu do que você,

cachorro de raça

abocanhando o filé

o mundo é meu

não adianta o porquê

meus óculos escuros

minha bota importada

e o meu terno de estrela

falam o que é p'ra dizer

O meu mundo

é dos fortes

o seu mundo

da lenga lenga

chorada

não preciso de carrão

p'ra ficar lindo

eu busco ouro no olho

do trovão

só me interessa

o que vem p'ra ficar

Minha estrada

é andando no raio

o seu passeio

na ciclovia da pobreza

aonde eu vou

só o escolhido entra

não tenho medo do castigo

ou de cadeia

chego aonde vou

porque mereço

vencer é o meu endereço

Conversa fiada

trabuca meu saco

o sonho caído

é só caco

deixo na sua porta

o deboche

e vou embora, ôxe,

azucrinando

a nostalgia falida

do chorão, que lida!

o mundo é meu

e eu mando no mundo