Poemas para Maria lX
Maria poeta
De amarelo canário vestida,
Dentro da gaiola!
Maria está febril...
Não canta, chora.
Abro a porta de vidro
Maria voa...
Em seu cavalo alado!
Visita a lua.
Sobrevoa mares!
Não é mais caramujo,
Nem ostra, nem pérola,
Nem concha do mar...
Maria no ar, levitando...
Maria Profeta,
Maria poeta.
Com caneta, lápis de sobrancelha e batom
Exerce seu dom!
Lamparina que clareia à lua,
Maria nua de alma,
Ilumina as ruas.
As vielas, os becos, os telhados...
Seu interior detalhado, passeia
Por caminhos, dantes navegados.
Meu sangue se mistura em suas veis.
Abre o Livro dos Poemas
Com o respeito que tem à "Bíblia"!
Vivem lá seus sentimentos,
Numa ilha.
Trancados a sete chaves,
Sete véus,
Sete estrelas,
Ela abre seu Diário.
Monge do Tibet
Escolhido para ouvi-la!
Calo.
Cada ponto, cada virgula,
Acentos e reticências...
A palavra é singular
Maria é plural.
Meandros nas histórias,
Abismos, labirintos
Absinto.
Sente, sinto,
Sinfonia...
Som de harpas em harmonia,
Violões, violinos, violoncelos,
São as vozes de Maria.
Atabaques, bongôs, pandeiros,
Frevo, xote e baião.
Romântica, ioiô, pião.