POESIAS DE CARTAS MARCADAS
Sigo meus instintos agora que me esqueces
Não deverias ter voltado
Se nunca tivesses partido
Não teria me desencontrado
Nas curvas de teus esses
Não mais me mereces
És um amor cigano
Todo dia uma carta marcada
Uma charada e um desengano
Só há partidas de partículas
Portas escancaradas
Sem pouso só súbitas subidas
Não há mangas pro teu pano
Paixões proibidas
Ilhas divididas
Partilhadas de mosaicos dantescos
Amores simiescos
Pinturas e jogos de afrescos
Viagens sem parentescos
Segues em desenfreada
Sem silabado cortejo
Amando sem querer-te amada
Como o sol vai seguindo tua estrada em saculejo
Fugindo de si e do coração animalesco
Este teu amor que juras de morte
Tirado no cortiço da sorte
Fala de cartas marcadas
Do destino das mãos
Dos arcanos e consortes
Só não fala das linhas
Que embainhas no corte
De tua fada madrinha
A transformação
Que existe na morte do coração
Este amor que não morre
Apenas descobre entre rasuras
Que não foi em vão
Todo dia
A gente se mata
Pra outra cria nascer
Advindo do nada
Que surge da escuridão
E inunda o negro cálice
Para que uma nova poesia possa amanhecer...