POESIAS DE CARTAS MARCADAS

Sigo meus instintos agora que me esqueces

Não deverias ter voltado

Se nunca tivesses partido

Não teria me desencontrado

Nas curvas de teus esses

Não mais me mereces

És um amor cigano

Todo dia uma carta marcada

Uma charada e um desengano

Só há partidas de partículas

Portas escancaradas

Sem pouso só súbitas subidas

Não há mangas pro teu pano

Paixões proibidas

Ilhas divididas

Partilhadas de mosaicos dantescos

Amores simiescos

Pinturas e jogos de afrescos

Viagens sem parentescos

Segues em desenfreada

Sem silabado cortejo

Amando sem querer-te amada

Como o sol vai seguindo tua estrada em saculejo

Fugindo de si e do coração animalesco

Este teu amor que juras de morte

Tirado no cortiço da sorte

Fala de cartas marcadas

Do destino das mãos

Dos arcanos e consortes

Só não fala das linhas

Que embainhas no corte

De tua fada madrinha

A transformação

Que existe na morte do coração

Este amor que não morre

Apenas descobre entre rasuras

Que não foi em vão

Todo dia

A gente se mata

Pra outra cria nascer

Advindo do nada

Que surge da escuridão

E inunda o negro cálice

Para que uma nova poesia possa amanhecer...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 02/02/2012
Código do texto: T3475634
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.