CORES DESCABELADAS
A celebridade beija os meus pés
nem por isso estranho quem és
Pessoas de pedra maltratam o Messias,
cuidado na esquina, é abismo aonde ias
Quem pode mais
se o urubu distingue o sabor pelos ais
Era madrugada
quando acenderam-se as velas
na igreja abandonada
que santa é aquela
sorrindo pelo olhar
ao ver o Anjo enroscado na serpente
na verdade o Eu é o Outro
muito mais do que se sente,
no rastro da pólvora há um demônio nu
depois do estouro
usurpando o azul do céu pelo acaju-açu
Nos teus olhos a minha morte não pinta dramas
percebo no sofrer o perfume da cobiça feito de arrombas
Cáustico é o Amor de um sol à parte
assim mesmo sangro os pés estrad'afora
só para estar-te
muito é pouco no teu agrado
mas a demora
é só o jeito de ficar p'ra sempre no Bom Grado!
Eu subo pelo ar
esfumaçando cores
descabeladas,
rouco de chamar
aonde fores,
o mundo é ti, o resto é Nada,
a Terra
sem Você é a lápide
do meu fantasma que erra,
sem você o que resta crer
- ninja desapossado de qualquer revide
( verso "na verdade o Eu é o Outro" é uma homenagem a ARTHUR RIMBAUD)