Quando entardece a alma...
Quando entardece a alma...
São esses os lugares? São esses?!
Mas eu não sou eu
é tarde e o sol inda me cega os olhos...
Olhos que viram e já não vêem mais
Qual passarinho canta livre aos ares
O canto antigo que ouvirei jamais!
folhas se agitam... um sabiá foge
Junto com as notas que no amor recita
Outrora juntos aplaudimos...
Hoje a mesma música é canção maldita
sei que se evola pelos mesmos ares
Os meus ouvidos que não são iguais...
A quimera se afundou no abismo
E os sonhos todos se foram atrás...
as minhas trevas desbotaram cores
Não vejo o mundo que a canção assiste
Meus olhos antes contemplavam flores
Hoje, sou cega... E negro mal: sou triste!
e sou tão triste que a extensão da fala
Ruge o silêncio... é um parar de orquestra!
Só algum vento pelo céu abala
As nuvens lentas e minha pesada testa...
no entanto, o vento, que sibila grave
Copia a brisa que não volta mais
Nem há que voe qual voara a ave
Não pendo a fronte, como a rosa faz
tudo que canta é uma mentira...
E a verdade é um sonho deserto... fantasia austera!
O violento mar quebra o ritmo enfadonho
E as aves param e me esperam na ilha
mas eu não sigo teu olhar tristonho,
Qual seguira outrora...
Tudo inda existe dentro de mim!
Tenho a mesma alma e o sentimento inda é igual...
eu, que alentara a poesia e o canto,
Quero o silêncio... Cale-se coração!
Quando entardece a alma
Quero a ternura que não volta mais...
Brendda Neves
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