Quando entardece a alma...

Quando entardece a alma...

São esses os lugares? São esses?!

Mas eu não sou eu

é tarde e o sol inda me cega os olhos...

Olhos que viram e já não vêem mais

Qual passarinho canta livre aos ares

O canto antigo que ouvirei jamais!

folhas se agitam... um sabiá foge

Junto com as notas que no amor recita

Outrora juntos aplaudimos...

Hoje a mesma música é canção maldita

sei que se evola pelos mesmos ares

Os meus ouvidos que não são iguais...

A quimera se afundou no abismo

E os sonhos todos se foram atrás...

as minhas trevas desbotaram cores

Não vejo o mundo que a canção assiste

Meus olhos antes contemplavam flores

Hoje, sou cega... E negro mal: sou triste!

e sou tão triste que a extensão da fala

Ruge o silêncio... é um parar de orquestra!

Só algum vento pelo céu abala

As nuvens lentas e minha pesada testa...

no entanto, o vento, que sibila grave

Copia a brisa que não volta mais

Nem há que voe qual voara a ave

Não pendo a fronte, como a rosa faz

tudo que canta é uma mentira...

E a verdade é um sonho deserto... fantasia austera!

O violento mar quebra o ritmo enfadonho

E as aves param e me esperam na ilha

mas eu não sigo teu olhar tristonho,

Qual seguira outrora...

Tudo inda existe dentro de mim!

Tenho a mesma alma e o sentimento inda é igual...

eu, que alentara a poesia e o canto,

Quero o silêncio... Cale-se coração!

Quando entardece a alma

Quero a ternura que não volta mais...

Brendda Neves

https://www.instagram.com/coraverblue

Brendda Neves
Enviado por Brendda Neves em 31/01/2012
Reeditado em 02/12/2020
Código do texto: T3473298
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.