PONTAPÉ na COROA
Tiro da cabeça os sonhos que fazem os meus olhos tristes,
e minhas mãos viram asas feitas de fogo, feitas asas de fogo só,
é hora de entender na estrada o céu me assiste
porque prender o amor se a saudade faz do meu orgulho pó
Parto laranjas escorrendo o sol nascer, não se espante,
eu tenho nos olhos o infinito porque nunca deixei a infância,
invento a cor do verão arrancando faíscas do violão avante
da cantoria alada passarinhando o espaço de louca festância
mesmo assim tenho na alma a moradia de um solitário
em pé apenas porque o homem mesmo na tristeza
dá sentido à coragem, pois como tocar a beleza
sem a cicatriz da batalha? minha sorte é só um fio
retiro da minha última lágrima um rosto de cartola
e o sorriso acrobático de quem ouviu seu grito de amor,
por mais que eu ande, pouco importa se coma de favor,
meu sentido de viver é lindo porque tua sombra é minha cola
e se eu bebo pelo gargalo de vidro quebrado
o veneno de mil cobras, sorrio acrobacias,
porque não há mal que me vitime se tenho ao lado
o amor de fêmea louca que me levanta ousadias
e o pontapé na coroa podre do demônio me anima a gargalhada