AMOR de OLHOS VENDADOS

O tempo não é mais dos príncipes

até mesmo os magos estão fora de lugar,

o que vale é o ordinário e a nota de vinte

ao museu o tesouro lemuriano, p'ra que divagar?

Mesmo que no amor haja entrega

quem se dá acaba apenas usado,

a raiva e o agito mantém o amor antigo vela

acesa a chama do sofrer sempre amado

Eu quero um amor sem lembrança machucada,

uma estrela projetando sombra de mil cores,

longe de mim mudam de nome velhos amores,

na minha cama o sonho é uma alfazema aveludando a madrugada

porque o meu amor voltou contra mim

o punhal de prata enluarada,

sei bem como é a lágrima por tudo o que eu vim,

amar demais a amada apaixonada de outro alguém é nada

Amor na desvantagem de amar sozinho

é amor de vero, amar por amor quem nunca amou de fato

porque ama um alguém vizinho,

é amor de olhos vendados sentindo o abismo no olfato

Do que adianta o príncipe dos poetas

quando na república é o verso cômico?

No final a mera estatueta

induz ao riso do amor ferido pânico