Melancólicos

Assim ficamos

Quando paramos

Para respirar

Reparando que há uma outra vida

Que passa nas pausas

Uma vida menos ardente

Mas que nos dá

Uma estranha calma…

Sem sabermos bem o que fazermos

A não ser observar

Deixarmos de sermos os agentes do tempo

Para ser esse tempo a nos levar…

Notando que na tristeza doce

Pode haver uma insuspeita beleza

Doce

Porque reparamos

Que há certas coisas únicas

Que nunca iremos realmente tocar

Como querer partir

E ao mesmo tempo

Haver uma enorme vontade de ficar

Melancólicos

Porque quando paramos

Sentimos realmente

Que muito pouco de uma existência

Iremos tocar

Sendo por isso que andamos

Que fugimos

Sendo por isso

Que nunca realmente iremos parar

Na doce dicotomia

De correr contra o tempo

Sabendo que no fim do tempo

Esse tempo irá ganhar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/01/2012
Código do texto: T3470475
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