Melancólicos
Assim ficamos
Quando paramos
Para respirar
Reparando que há uma outra vida
Que passa nas pausas
Uma vida menos ardente
Mas que nos dá
Uma estranha calma…
Sem sabermos bem o que fazermos
A não ser observar
Deixarmos de sermos os agentes do tempo
Para ser esse tempo a nos levar…
Notando que na tristeza doce
Pode haver uma insuspeita beleza
Doce
Porque reparamos
Que há certas coisas únicas
Que nunca iremos realmente tocar
Como querer partir
E ao mesmo tempo
Haver uma enorme vontade de ficar
Melancólicos
Porque quando paramos
Sentimos realmente
Que muito pouco de uma existência
Iremos tocar
Sendo por isso que andamos
Que fugimos
Sendo por isso
Que nunca realmente iremos parar
Na doce dicotomia
De correr contra o tempo
Sabendo que no fim do tempo
Esse tempo irá ganhar…