PASSEI, PASSAS-TE
Por ti como um rio
Sorrimos ambos pelo momento
E gozámos a brevidade
Com um sorriso
Caudal temporário
Que se transformou num ténue fio
De tempo
Porque o tempo
Anda sempre
A esgotar
Apreciei a vista
E gostei
De ti gostar
Pois passas-te
A ser outra pessoa
Quando viras-te a esquina
Da rua da vida
E voltas-te a cruzar comigo
Passámos a ser estranhos
Apesar de ainda nos considerarmos
Um do outro
Amigos
De tantos e tantos momentos
Passados juntos
Mas a maior parte do tempo afastados
Dei-te o meu ouro
Tudo o que sou
Mas descobri quando o banco estava vazio
Ele não ser valorizado
Passámos
A ser outras pessoas
No mesmo corpo
Na mesma alma
Mas deixámos de ser o eco
Um do outro
Iguais mas diferentes
Em ternuras
Candentes
Mas agora abrandadas
Amo-te
De alguma maneira sempre te amarei
Mas isso
É algo
Que o tempo
Já não salva
Passámos…