O Poeta e o Papiro

Sobre a mesa branca,

O cálice, o castiçal,

A folha ainda intocável pela pena

E a negritude do tinteiro amigo guerreiro

Dos estros, das harmônicas

No aguardo da primeira gota

Sempre lúcida, sempre verdadeira!

- Enfim, chegaste meu jovem,

Nobre poeta, ouvinte dos escribas,

Escrevedor do que tange teu coração!

- Tua palavra é teu instrumento,

A arma de um legado doado pelo Senhor,

Faça da lágrima teu desejo em versos e anversos!

- Em tuas mãos sou teu papiro,

Capataz dos teus sonhos mais remotos,

Joga-te ao vento, ao sentir d’alma tua!

- Deixe-te inundar

Pelos lamentos da noite tua acolhedora,

Nos instantes de solitude e misticismo!

Ah! Meu companheiro papiro,

Vieste pelo som das sinetas

Anunciando mais um estrelar ecoando

Entre as sete notas, as sete cores

Compondo o azul deste céu de lantejoulas

Vibrante como teus avessos, ritos do silêncio,

Vinde a mim, mandala dos ensejos!

- Sou a luz das tuas letras

Dando-te o caminho, basta percorrê-lo

Com amor que aprendeste no sermão!

- Ouça a canção pelos vales,

A melodia enfatiza o poema

Guardado dentro de ti!

Tuas nascentes, sábio eremita

São as guias de uma poesia

Viva e eterna aos olhos do destino!

Auber Fioravante Júnior

28/01/2012

Porto Alegre - RS