Vozes da noite
Olhos nos olhos, frases ocultas
Quase que invisíveis, sem manchas,
Sem traças do tempo,
no mar de abrolhos
Vejo teus olhos aos meus,
Nos cristais que deságuam,
Na boca silenciosa, calada de versos,
borrões de estrofes e magoas
Malditos versos, avessos da alma,
Trincheiras escuras, emanadas,
ferozes frases silenciosas e húmidas
Vozes da noite, nas letras que abreviam destinos,
A madrugada desenhando as réstias do sol em minha alma
pespontam tiras de platina e bronze,
Os papeis manchados de poemas,
Olham-me aflitos, finitos,
a neblina adormece meu vazio.