SEM CENSURA...
Lábios mudos
esperam serenos
abocanhar os suspiros
do teu corpo obsceno.
És o maestro da minha pretensa
e fatal agonia
quando soluço beijo
no arpejo
do compasso
da tua virtual companhia;
delirante e clássica intenção.
Deitado na hipocrisia
dedilhas-me com emoção.
sou a corda fina do metal
que acelera teus dedos
e impõe vestígios concebidos
em plagas que causam medos.
Tua língua de fogo passeia sobre minha
arfante inocência...
defloras com tesão minha decência
embutida nas entranhas de tua efervescência.
Cresço...
Apareço
a ti como uma pantera domada
que se acostumou com os nacos
de carne ofertados
em consolo;
sem mácula, sem decoro...
Nesse incógnito possuir me tens,
me engoles, me cospes, como
uma fruta chupada e jogada
de encontro a parede dos meus versos;
dizes que sou o inverso
e que ainda assim me aturas...
pobre de mim...
despojada e desejada,
lânguida e esquartejada
nessa fúria sem censuras.