SEM CENSURA...

Lábios mudos

esperam serenos

abocanhar os suspiros

do teu corpo obsceno.

És o maestro da minha pretensa

e fatal agonia

quando soluço beijo

no arpejo

do compasso

da tua virtual companhia;

delirante e clássica intenção.

Deitado na hipocrisia

dedilhas-me com emoção.

sou a corda fina do metal

que acelera teus dedos

e impõe vestígios concebidos

em plagas que causam medos.

Tua língua de fogo passeia sobre minha

arfante inocência...

defloras com tesão minha decência

embutida nas entranhas de tua efervescência.

Cresço...

Apareço

a ti como uma pantera domada

que se acostumou com os nacos

de carne ofertados

em consolo;

sem mácula, sem decoro...

Nesse incógnito possuir me tens,

me engoles, me cospes, como

uma fruta chupada e jogada

de encontro a parede dos meus versos;

dizes que sou o inverso

e que ainda assim me aturas...

pobre de mim...

despojada e desejada,

lânguida e esquartejada

nessa fúria sem censuras.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 14/01/2007
Código do texto: T346746