O Amor é um nó...
Sim.
Amar dói.
Dói o peito
No começo
Da ansiedade
Do beijo
Da Saudade
Latente
Do desejo de quase morte
Se ausente.
Dói no caminhar
Na decepção
Na ausência do olhar
Do depois
Do cotidiano
Que a boca serra
E que a tudo encerra.
Dói na partida
No coração estilhaçado
No esfacelamento
Do quase inevitável encontro
Com a mais sutil mentira
Tal elástico esgarçado
Outrora esticava… e encolhia
Ia ao longe… novamente
Mente. Deixa de o ser
E faz sangrar
Lágrimas
De um olhar no horizonte
Que antes
Eram dois olhares
A mirar
Um mesmo ponto.
Ao final
Dois transformam-se
Em apenas únicos. Divididos
Por vezes, em três partes.
E não engano-me…
Este dia não tarda.
Ou por morte morrida
Ou por morte matada.
Ou por um “jogo de três”
Que um deles não optou
Por jogar.
Aliás… nem era “jogo”…
Era Amor. Optado.
Fez-se desatado.
E pensávamos ser um nó…
Cego. Cegos.
Cotidianodesatado.
É um tipo de nó.
Preparo-me
Para ter
Uma única visão.
Todos os dias.
Dói menos assim.
Nenhum amor é para sempre.
Amor para sempre…
Só o que consegue transpor
E manter o nó-amor
Longe das garras cotidianas.
Pois que a vida
É um grande cais de porto
Tábuas velhas… molhadas
Nem sempre… seguras.
E o nosso coração… por vezes…
De papel marché.
Karla Mello
Janeiro/2012