O Amor é um nó...

Sim.

Amar dói.

Dói o peito

No começo

Da ansiedade

Do beijo

Da Saudade

Latente

Do desejo de quase morte

Se ausente.

Dói no caminhar

Na decepção

Na ausência do olhar

Do depois

Do cotidiano

Que a boca serra

E que a tudo encerra.

Dói na partida

No coração estilhaçado

No esfacelamento

Do quase inevitável encontro

Com a mais sutil mentira

Tal elástico esgarçado

Outrora esticava… e encolhia

Ia ao longe… novamente

Mente. Deixa de o ser

E faz sangrar

Lágrimas

De um olhar no horizonte

Que antes

Eram dois olhares

A mirar

Um mesmo ponto.

Ao final

Dois transformam-se

Em apenas únicos. Divididos

Por vezes, em três partes.

E não engano-me…

Este dia não tarda.

Ou por morte morrida

Ou por morte matada.

Ou por um “jogo de três”

Que um deles não optou

Por jogar.

Aliás… nem era “jogo”…

Era Amor. Optado.

Fez-se desatado.

E pensávamos ser um nó…

Cego. Cegos.

Cotidianodesatado.

É um tipo de nó.

Preparo-me

Para ter

Uma única visão.

Todos os dias.

Dói menos assim.

Nenhum amor é para sempre.

Amor para sempre…

Só o que consegue transpor

E manter o nó-amor

Longe das garras cotidianas.

Pois que a vida

É um grande cais de porto

Tábuas velhas… molhadas

Nem sempre… seguras.

E o nosso coração… por vezes…

De papel marché.

Karla Mello

Janeiro/2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 26/01/2012
Reeditado em 05/10/2017
Código do texto: T3462837
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.