Nunca amanhecia

Sonhei esta madrugada

Que a noite não era só sonho

E, mesmo, minha amada

Você me amava como diz amar

Eu mal tinha tempo para respirar

Você me sufocava de abraços

Chorei de alegria

E, de novo, ganhei teus braços

Nunca amanhecia.

Sonhei, meu amor

Que você me tinha beijado o pescoço

E falado o que já me falou

Que gosta deste moço

Eu me senti tão leve

Que estava insensível a frio ou calor

Só via, tocava e sentia

A sensação boa do teu amor.

E a noite lá fora se fez alva

De negra, foi afogada em neblina

Estava a me fitar os teus olhos de menina

Quando fitavam, os meus, a mulher

Quis que o sol se escondesse

Não precisávamos de qualquer

Luz em nossa janela

Nós já estávamos acesos por dentro

Noite fria lá fora

Ao invés de luz, vento...

E o zumbido forte dos noroestes

Faziam das janelas instrumentos

Mas, nunca percebi...

Estava tomado de sentimento

Em você me perdia por querer

E o tempo preso nos meus braços

Não poderia me fazer sofrer

Teria que ir devagar, parar...

Pra eu acariciar você...

Amor, quero lhe dar a realidade:

Não teremos amanhã...

Gozaremos a noite eterna

Antes que raie a ímpia manhã!

Amor, quero lhe dar o gosto de ser

Quantas personagens puder interpretar

Merece mais que um simples viver

Quero tornar a vida um eterno sonhar

E junto ao meu mundo, dar a você.