O GOSTO

Preta, não esqueci do teu gosto!

assim como eu não esqueço

as marcas de desejo no teu rosto.

Ai como eu queria que essa cachaça

me fizesse esquecer teu endereço!

todos sabem que lhe tenho muito apreço

mas você, dispersa como fumaça

corre de mim, como as pedras de um terço

correm nas mãos de uma velha beata.

Entraste em meu peito só para fazer arruaça!

Já esvaziei o conteudo desta cabaça

bebi toda a aguardente da zona da mata

mas saibam, que para minha desgraça

não há uma alma cristã em Pernambuco

que ame alguem, mais cruel que esta mulata

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 23/01/2012
Reeditado em 23/01/2012
Código do texto: T3457018
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