Amar em Letras

Poeta, queria um dia ser esse tal,

amar em letras, beijar em palavras,

saborear textos como um corpo de mulher,

sorrir como o brilho branco do papel,

tingir a paixão de vermelho, como o lápis de traços fortes.

Meus passos são lentos, como a passagem da lua,

nos olhos lembranças das mulheres que foram paixões,

estou sempre ausente do meu coração,

tenho sentimentos vazios, ora, sonhos demais,

preciso aprender a escrever amor e não saudade.

Queria ser apenas seu amante poeta,

um que escrevesse linhas entre seus seios,

traços de salivas por curvas do seu corpo,

interrogações quando seus olhos refletissem os meus,

sentir prazer no ir e vir dos lados opostos do poema.

Jamais saberei a definição de um amante poeta,

tento sorrir enquanto meus olhos viajam nos versos,

procuram lembranças em livros que jamais foram publicados,

todos arquivados aqui no meu peito, lacrado por desilusões,

poeta, amante, talvez seja um,

talvez seja amado, poeta…

1967

Helena Correia
Enviado por Helena Correia em 23/01/2012
Código do texto: T3456814