= Em busca do poeta =
Do nada, veio à noite.
Nem a percebi!
Fizeram presença as luzes da cidade.
Em minha debilidade, as estrelas eu olhava.
Tudo passou!
Foram as horas, os dias e o ano.
A mercê do vazio, eu senti o peso do nada.
Muito eu fui
Muito busquei
Muito realizei.
Mas, e o Eu!
Eu, perdido no tempo
Eu, jogado ao vento
Eu em partes.
O poeta,
O sonhador,
O velho menino que fazia de seu coração
O berço macio dos sonhos
Não mais o vi!
Acordei-me hoje
Firme como uma rocha.
O meu lado concreto caminhava
Lado a lado
Com o tempo.
Do velho menino, uma saudade tremenda eu senti!
Aquele que sobrevoava as estrelas
Que fazia de ti, oh mulher, o ícone dos devaneios.
Eu quero o meu amigo poeta de volta
Por inteiro, só assim, resgatarei meu eu verdadeiro.
O amor e os sonhos são abstratos, mais concretos do poeta.
Tonho Tavares