Instante
Passar pela vida é tempo sem medida
sob um bocado de incertezas
Alterações-surpresas entrecruzam-se
na vertiginosa estrada escura
e o vento derruba a fotografia sobre a mesa
o acaso é paradoxalmente belo e cruel
Posso partir no amanhã
E os planos tornam-se castelos de cartas sob a ameaça do vento
Ainda que calada, a pedra-exuberante habita o hoje
dura talvez completa
Dá vontade de ir embora.
Em algum momento, vou-me
E foi-se o dia e não o instante
sou momento que se esvai
assaz amiúde
e renasce na pedra da calçada.
Meu momento só nosso
O amor – a palavra que me cabia, cingia-me;
a palavra que não se edificaria
mais em meus poemas – perdia-se
entre as cartas do baralho
A vida é instante; o mais, mentira