Estrangeiro

Chegou com o vento nos pés.

Tomou o fino sumo da flor de laranjeira.

Fez uma dancinha valsada,

conquistou o espaço,

sacudiu seu longo bico e partiu.

Chegou com o vento nas asas.

Ensaiou um ou dois passos

de uma dancinha estranha e circular.

Pousou nas minhas fertilidades,

ciscou e partiu.

Chegou com processo de lesma.

No rosto, uma ternura branca.

Suas mãos tocaram minhas folhas transformadas em pontas.

Proferiu uma dança agonizante.

Choveu no céu de seus olhos.

Recompôs-se arco-flecha e partiu.

Chegaram com aquele estrangeiro

as gotas de chuva, vermelhas.

Tingiram a mim,

reconfiguraram meu tempo e ritmo

e como com água, partiram.

As vermelhas e intensas gotas

encharcaram-me daquele esquizo-puro sentimento.

Nos floreceres ele chega,

faz umas danças eternizantes,

e se vai.

Fértil amor:

de todas as terras;

de terra nenhuma.

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Wanderson Conceição
Enviado por Wanderson Conceição em 19/01/2012
Código do texto: T3449368
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