Atendendo a Pedidos

O que você me pede rindo que eu faço chorando?

Se não é só isso que queres. Diga o quê, onde, como e quando?

É só uma letra?

Daria uma maleta... Abarrotada de reais.

Se possível minha preta,

No baú de uma carreta. Bens. Até os não materiais.

Saúde, paz... Expostas no showroom.

Não sou um galante demodê.

Rubis, bombons, buquês,

São para mulheres comuns.

Ofereci minha vida de forma literal.

Pra matá-la de amor no Estácio,

Sepultá-la num palácio,

Mas suntuoso que o Taj Mahal.

Passional.

Mil e uma noites. Incansável, não durmo.

Mirra, aloés, lençóis de seda.

Cogitei os anéis de saturno,

Porem não cabem em tua mão esquerda...

Tem certeza, só uma letra,

Tinta de caneta? Ofereço sangue suor e outros fluídos.

Asas feito borboleta,

Pra não esquecer numa gaveta... Nenhum dos seus, dos seis sentidos.

Seu pedido... É uma ordem alteza.

Acesse o menu.

Pão-de-áçucar sobremesa.

Torre Eiffel suvenir.

Dormir... Nas nuvens? Ah! Meu Deus do céu.

Terra sem rotação, intacta.

Via Láctea,

Decorando o dossel.

Sabor mel... A lua.

Árvore canta como diva.

O são? Alua. Dilua,

Sumo de Bordô na saliva.

Haja inspiração,

Falta precisão... Até pra Monet.

E Shakespeare como fará menção?

Se palavras não dão a dimensão... Exata do seu ser.

Nessa questão,

Evidencia-se toda limitação... Até mesmo quando soletro.

Afinal de contas são coisas do coração,

E quem faz a tradução? Do seu dialeto,

Deixei o rascunho quieto... Achei oportunista, brega.

Agora os brutos também amam,

Todos declamam.

Versos como esses. Piegas,

Mas a maioria se nega...

Praticá-los.

Meu sentimento o convívio sempre expos,

Tá bom! Trago a público o que a dois,

Demonstro e falo.