A morte: essa senhora que palita os dentes
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso da fragilidade que somos
Tão pequeninos
Tiquinhos de gente
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso do amor que jogamos fora
Tanto amor
Tanta gente
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso na menina que abre o sorriso juntando dentes e nariz
Tanta beleza
Tanta fineza, uma obra de arte
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso o quanto desperdiçamos o tempo
Tanto tempo
Um tempão
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso no beijo que não dei
Tantos beijos
Beijinhos, beijões
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso nos absurdos que fiz
Tantos erros
Errinhos, errões
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso em nossa vulnerabilidade
Tanta insegurança
De tudo, do nada
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso que podemos ser mais
Tanto faz
Mais ou menos
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso nas pessoas que ela já buscou
Tantas pessoas,
mas esperem, falta muito...
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso em viver
Tanto perdão a pedir
Mas sou pequeno e fraco, não se importem com isso
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso na simplicidade que deve ser a vida
Tanta simplicidade
Como a pessoa que conheço de quase 100 anos
Quando lembro daquela senhora que palita os dentes à nossa espera
Penso em minha hora
Está chegando
Devagarinho, bem devagarinho...