Deixei a poesia nos guardados sem serventia,
Tomei as mãos: Martelo, formão e guia.
Desenhei nas madeiras, minha mais dura serventia,
Sou carpinteiro, construo coisas de alegria,
Bancos de descanso e molduras para retratos.
Faço com o esplendor do vazio
Nada penso
Nada questiono.
Não olho no entorno,
Meus irmãos são todos madeiras!
Todos têm olhos de prego e mãos de parafuso
Furo madeiras com arco de pua
Encaixo tudo e esqueço
O que foi um dia poesia
Imagem feita por mim, ali a 300 metros de meu portão de casa, no estaleiro do seo hélio, onde carpinteiros constroem seu madeiros que navegam. Todos tem em comum o gosto pela madeira e pela conversa molhada por cerveja, ali no bar pequenino, também perto de casa, onde a marujada trocam as pernas e alardeam sua chegada; costurando a rua aos moldes de quem continua nas aguas balouçantes.