A DAMA DO DESERTO
Jorge Linhaça
 
Entre as areias escaldantes
do deserto de minha solidão:
Surges plácida e insinuante;
Miragem presente, constante,
quaSe ao alcance de minha mão.
 
Teu corpo n'areia se amalgama,
és fruto insano de meus desejos
- da falta que fazes em minha cama-
a abrazar-me em pura chama:
A fêmea que quero cobrir de beijos
 
Ó, bela dama de meu deserto,
reveste-te de carne afinal!
Chegai agora de mim tão perto,
que te possa sentir, não espectro,
e sim mulher, meu amor imortal.