No limiar da sensibilidade…
Fomos para além da dor
Ardendo a bem arder
Vendo com tal esfumar
O que restava da nossa interioridade
Morremos e nascemos
A cada madrugada
No limiar da sensibilidade…
Trocámos lágrimas por sorrisos
E sorrisos por lágrimas
E quando tudo parecia no fim
No limite do desespero
Verificámos
Que tudo isso
Que essas medidas de recurso desesperadas
Tudo isso
Nos acalmava…
Gritando
E cantando
Quando não nos ouvíamos um ao outro
Fazendo tal para nos ouvirmos
Mas ficávamos mais sós
Eu não estava contigo
Nem tu comigo…
Mas o corpo era partilhado
De uma forma fervorosa
De uma forma algo alienada
Com tudo o que pensávamos ser amor
Mas era puro desespero
Pois era o desespero o que nos restava…
Até que nos momentos em que a calma realmente nos tocava
Realmente ouvíamos
Realmente sentíamos
Realmente nos tocávamos
Com o indispensável altruísmo
No qual o toque
Era dado para a outra pessoa
Se sentir
Se sentir amada
Ganhando e trilhando com isso
Os míticos caminhos
De uma forma bem personalizada de eternidade
Para a perdermos
Quando voltávamos aos velhos pecados
Aos velhos vícios sensitivos
E sociais
No limiar da sensibilidade…