No limiar da sensibilidade…

Fomos para além da dor

Ardendo a bem arder

Vendo com tal esfumar

O que restava da nossa interioridade

Morremos e nascemos

A cada madrugada

No limiar da sensibilidade…

Trocámos lágrimas por sorrisos

E sorrisos por lágrimas

E quando tudo parecia no fim

No limite do desespero

Verificámos

Que tudo isso

Que essas medidas de recurso desesperadas

Tudo isso

Nos acalmava…

Gritando

E cantando

Quando não nos ouvíamos um ao outro

Fazendo tal para nos ouvirmos

Mas ficávamos mais sós

Eu não estava contigo

Nem tu comigo…

Mas o corpo era partilhado

De uma forma fervorosa

De uma forma algo alienada

Com tudo o que pensávamos ser amor

Mas era puro desespero

Pois era o desespero o que nos restava…

Até que nos momentos em que a calma realmente nos tocava

Realmente ouvíamos

Realmente sentíamos

Realmente nos tocávamos

Com o indispensável altruísmo

No qual o toque

Era dado para a outra pessoa

Se sentir

Se sentir amada

Ganhando e trilhando com isso

Os míticos caminhos

De uma forma bem personalizada de eternidade

Para a perdermos

Quando voltávamos aos velhos pecados

Aos velhos vícios sensitivos

E sociais

No limiar da sensibilidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 17/01/2012
Código do texto: T3445249
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