APRENDIZ DO AMOR
Aprendiz do amor
Assim bem no começo
Deitada em meu pequeno berço
Olhava para aquela senhora
Escura toda enfeitada de estrelas
Com um lindo enfeite prateado
Em seus cabelos compridos.
Adormecia com a cantiga de ninar
E minha mãe parava de cantar
Voltava para seus afazeres
Até a madrugada raiar
Lembro-me de espiar o luar
Nas horas que ela vinha me tocar.
Ela era toda mistério e timidez
Escondia-se entre as nuvens
Com medo de mostrar sua palidez
Vez mostrava parte de sua tez
Outra parte de suas faces.
E o tempo passou rapidamente
Do antigo berço de junco
Para uma esteira no meio dos índios
Depois numa cama de dossel
Até a fuga no veloz corcel.
De sonho em sonho,
Onde a fantasia se mistura
A realidade, de cidade em cidade
De praia em praia, após o naufrágio.
Encontramos-nos algumas vezes.
Fico esperando no intervalo
Das ondas furiosas do oceano da vida
Encontrar-te tranqüilo por sobre as águas.
Quando tantas já rolaram
Em rios e cascatas no passado.
Anseio por este momento no Tempo
A virtude da paciência
É na verdade uma grande ciência
Se aprendida através da experiência
Tem valor multiplicado.
Aprendi através da dor
Quando ainda tinha muitas feridas
E que tu Mestre me ensinastes
Que além do grande oceano
Onde a luz é eterna
Existem muito moradas
Dimensões jamais imaginadas
Só poderei lá chegar
Quando sublimar a dor
E tornar-me aprendiz do amor.