SOZINHA NA ESTRADA...
Sozinha...ah! pensais que sigo sozinha
nesta estrada longa e descampada,
e que o soprar dos ventos é frio na espinha?...
Pensais que estou desencantada?!
Ah! Como sabeis pouco desta audaz guerreira;
desta que, nas frias madrugadas,
dormiu ao relento aos pés da fogueira!
Nunca estou sozinha em quaisquer estradas!
Vede este infinito estrelado e profundo?
Sentistes o perfume das flores nas margens silentes?
Pois digo que em quaisquer quadrantes do mundo
sigo a pés atados, com inexpugnáveis correntes
a este que sempre seguiu ao meu lado!
Ah, como eu me rio do que um lado frágil
sugere ao tolo, vaidoso - ao desavisado
que, perante a dama, se julga bravo herói ágil!...
Escuta! Nutro-me do amor de alguém
que, distante ou presente
nutre-se do meu amor, também,
mais além ou aqui - nesta melancolia aparente!
Ah! Julgais-me sozinha? Que fina ironia!
Olhai, então, o sorriso em meu rosto!
Tal luz transparente será fantasia?
E o amor que confesso ao mundo - sombra de desgosto?!...