Janela das Coisas

Janela das coisas

Abro com os olhos de ressaca

as janelas e as portas

das coisas e dos objetos

O livro que leio é papel

cosido, organizado, escrito

por algum desconhecido

é grito e no grito seu suor

E no gosto do cigarro

tragado na noite

vários sons

(o vento na plantação, as máquinas, os caminhões)

enrolados por pessoas desconhecidas

será que fumam?

Encontrava-me sozinho em algum bar

cadê as pessoas na cadeira de plástico,

na cerveja, no vidro da garrafa?

Os bancos das praças

e ontem estávamos lá

abrigam os desconhecidos

concreto, madeira, qualquer coisa ou coisa alguma

E quem abriga os fazedores-de-bancos?

Por entre a janela das coisas, o espelho que me vejo

é luto e talvez ausência

Gabriel Furquim
Enviado por Gabriel Furquim em 14/01/2012
Código do texto: T3440342
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.