Janela das Coisas
Janela das coisas
Abro com os olhos de ressaca
as janelas e as portas
das coisas e dos objetos
O livro que leio é papel
cosido, organizado, escrito
por algum desconhecido
é grito e no grito seu suor
E no gosto do cigarro
tragado na noite
vários sons
(o vento na plantação, as máquinas, os caminhões)
enrolados por pessoas desconhecidas
será que fumam?
Encontrava-me sozinho em algum bar
cadê as pessoas na cadeira de plástico,
na cerveja, no vidro da garrafa?
Os bancos das praças
e ontem estávamos lá
abrigam os desconhecidos
concreto, madeira, qualquer coisa ou coisa alguma
E quem abriga os fazedores-de-bancos?
Por entre a janela das coisas, o espelho que me vejo
é luto e talvez ausência