AINDA VALE O PERDÃO?
 
 

Mil noites, sem pudor, te fiz chorar.
Mil e uma,
por amor, me perdoaste, em preces.
Coisas

que os torturados jamais esquecem.


O Meu Senhor
me perdoará por esse amor covarde.
Prendi uma ave
e a atirei nas flamejantes chamas,

que ainda ardem.


Terá, espero, muita piedade de nós:
primeiro de ti,
pelo pecado de não haveres voado;
por fim, de mim,

por me tornar um desumano algoz.


Afastará tua imagem de minha cabeça
(morênica imácula,
réstia femínea, colada em minha retina
e só agora inobscura),
antes que eu nunca mais te esqueça.





(Fernando A Freire)