Oh! Rio da minha saudade

Oh! Rio da minha saudade,

Que tão longe, nasces todos os dias,

Trazes contigo, a ciência calma,

De alguém, que não tem pressa na chegada.

Nem saudades, na partida.

Oh! Rio da minha saudade,

Que trazes na maré-cheia

Toda a minha nostalgia,

Suporta na tua vazante,

Todos os meus júbilos e mágoas.

Oh! Rio da minha saudade,

Em tempos declamado,

Por sonhadores poetas,

Foste antigo lar, de ninfas e sereias,

Transportas agora, na tua passagem,

Pedaços de grãos de areias,

Que são fragmentos, do meu gostar.

Oh! Rio da minha saudade

Tuas águas são,

O pranto, da minha Lisboa, cidade,

Tu, que amontoas na tua quietude,

As aflições deste povo,

Este povo, que eu tanto amo,

Lavas as e iluminas até a foz,

Até a foz, da eternidade.

Eduardo Jorge, 11 Janeiro 2007