Trinta e um dias de sublime amor

"Dia um"

Primeiro dia

Dei inicio ao meu relato

Se por loucura ou fantasia

Assinei este contrato

Pacto comigo mesmo

Decidi de uma só vez

Falar de amor a esmo

Trinta e um dias do mês

Sei que não será fácil

Pois o amar é incompleto

E o amor é um prefacio

Com um índice não completo

E fica marcado o inicio

De um fim que vem depois

Paraliso minha inspiração

Aguardando o dia dois

“Dia dois”

Segundo dia do mês

Continuo escrevendo, de certo

Estou aqui outra vez

Devorando o alfabeto

Embalado pelo vento

E em pensamento viajando

Pairando sobre lamentos

Por estar novamente amando

Sim eu lamento

Por não amar alguém

Amo os acordes do amor

Mas o amor não me convém

Prefiro assim, se me permite

Ficar sozinho outra vez

Mas fica feito o convite

Aguarde comigo o dia três

“Dia três”

Ah! Terceiro dia

Agradeço tua presença

Agora escrevo poesia

De uma forma mais intensa

Mesmo com o céu turvo

E pingos bailando no ar

Ao tempo eu me curvo

Pois ele sabe o que é amar

O tempo cura e fere

Trás melancolia e emoção

Simplesmente não se difere

De melodia e canção

O tempo é longo,

E bem breve, de fato

Com meu coração em estrondo

Aguardo louco o dia quatro

“Dia quatro”

O quarto dia começa

Ouço um canto estridente

Meu coração bate de pressa

Meu peito frio se torna quente

O som vinha do ar

Uma gostosa melodia

Pássaros no céu a cantarolar

Numa incomparável sintonia

Meu corpo tranqüilizou-se

E o coração se aquietou

Antes que o som se fosse

Meu coração exclamou

"Não se fascine tanto

Nem entre em euforia

A saudade será seu acalanto

Pois amanha já é o quinto dia"

“Dia cinco”

É noite no dia quinto

Visita-me o brilho da lua

Enlevado eu me sinto

Com tua beleza nua

O vento assopra frio

Não sinto o calor

No meu corpo um arrepio

Relembro noites de amor

Noite em que nos amávamos

Minha donzela e eu

Delirantes sempre ficávamos

E alcançávamos o apogeu

Minha vida é surreal

Sonho a todo instante

Mas sonhar não faz mal

O sexto dia está adiante

“Dia seis”

Amanhece o sexto dia

Límpido e radiante

Sobressaltado de alegria

E uma clareza estonteante

O clarão que o sol expele

Da vida a toda cor

Revela na transparência da pele

A verdadeira face do amor

O calor solar infindo

É a temperatura de quem não ama

Mas este meu amor tão lindo

Trás no peito própria chama

Desesperado eu sigo então

Numa paixão que não se repete

Abraçado ao meu coração

Aguardo ansioso o dia sete

“Dia Sete”

Sétimo dia, sétima sinfonia

Tanta perfeição esta me deixando louco

Confesso! Nunca vi tanta harmonia

Hoje eu morreria

Sem nem se quer conhecer o dia oito

“Dia Oito”

Tão belo quanto o paraíso

Dia oito se inicia

Por detrás de meu sorriso

A sonolência se refugia

E em plena emoção

Meu corpo nem se move

A sonolência é minha tentação

E me faz aguardar quieto o dia nove

“Dia Nove”

Nono dia do contrato

Estou sem inspiração

Meu amor está fraco

Encontro-me com a solidão

E num dialogo ríspido

A solidão me enfrenta

Com um ódio límpido

E uma vontade violenta

Iniciamos uma louca luta

Minha solidão e eu

Não usei força bruta

Mas tudo que o dicionário me deu

Imponente ela diz

- Quanto sentimento fútil

Confesso! Nunca quis

Tão pouco este tal amor inútil

O dia nove findei

Mantendo firmes os pés

Abalado com a declaração fiquei

Mas inicie o dia dez

“Dia dez”

Adentrei o dia dez

Com a alma amargurada

E respondi com sensatez

Com uma frase adequada

- Solidão que não tem cor

Que tem a alma ferida

Torna-te arco-íris quando o amor

Preenche o vazio de sua vida

- E mesmo estando distante,

Minha solidão querida

Tu brilhas mais que diamante

Quando te encontro em minha vida

- E ainda sim te amo

Solidão que me enfrenta

Navego eu no oceano

Para encontrar o dia onze que despenca

“Dia onze”

O dia onze chegou

Tal qual estrela cadente

E o teu clarão iluminou

De uma forma incandescente

Agora longe da solidão

Mesmo ela morando em mim

Enfeito meu coração

Adornando-o com jasmim

Para um recomeço melhor

Sem sofrimento em meu peito

Outrora estava pior

Hoje em felicidade me deleito

Cai a bela noite

E mais um belo dia se passa

O dia onze me surra de açoite

Para que o dia doze me refaça

“Dia doze”

Décimo segundo parágrafo

Do pacto assinado

Em papiro real eu grafo

Que me sinto iluminado

E de mim emana

Um sentimento nobre

Arde feito chama

E de paixão me encobre

E vivo cada dia

Come se fosse o ultimo ar

Montando minha alegria

Nas plumas do meu sonhar

Declamando o cântico antigo

Findo a décima segunda nota

Tendo dia treze como amigo

Nesta minha melodia morta

“Dia treze”

Sexta-feira treze

Continuo meu relato

O meu eu não se atreve

A desafiar o negro gato

Fora da realidade

Ainda escrevo poesia

Neste dia que na verdade

Inspira-me bruxaria

Momentos de loucura

E alegrias sem contento

Doces ou travessuras

Calmaria e sofrimento

Volto à realidade

Onde não rege bobagem

Buscando só a verdade

Levando o dia treze na bagagem

“Dia quatorze”

Chego da viagem, cansado

Quatorze dias de jornada

Vim relembrando meu passado

Numa ilusão inventada

Vi flores invisíveis

Senti perfume sem odor

Em meus sentidos mais sensíveis

Senti alivio quando havia dor

Iluminado pela madrugada

Deslumbrei- me com o brilho da escuridão

Retirei a espada encravada

Nas artérias do meu coração

E agora em profundo sono

A solidão me atinge

Tão perdido no abandono

Nem vejo chegar o dia quinze

“Dia quinze”

O decimo quinto dia passou tão veloz

Que meus olhos não o enxergaram

Fui invadido por um sentimento feroz

Que em segundos me dominaram

O tempo não é mais igual,

E em outrora andava em câmera lenta

O tempo se tornou vendaval

Que devasta de forma violenta

Destrói e reconstrói sonhos

Trás sempre uma nova esperança

Mas ainda trago em meus lábios risonhos

Minha inocência de criança

E da nuvem de onde estou

Fazendo companhia pra lua

Relembro o tempo que passou

Vivendo o amor que em mim atua

Só agora eu percebo

Que estou novamente sonhando

Pois no reflexo do mar eu vejo

Que nas asas do amor estou viajando

E antes que eu acorde noutro dia

Finalizo este texto com sensatez

E inicio uma nova poesia

Com os raios de sol do dia dezesseis

“Dia Dezesseis”

Estou aqui outra vez

E hoje não existe fantasias

Contabilizando dezesseis,

Dias escrevendo poesias

Ainda não entendo esta loucura

Trinta e um dias de amor

Mesmo sem entender faço com ternura

Enlouquecerei se preciso for

Luto com palavras

Mas elas são muitas eu pouco

Frases rodeiam meus olhos

Me deixando sem ar no sufoco

Findo esta guerra insana

Não posso mais prosseguir

Dia dezessete já está em chamas

Dia dezesseis já deixou de existir

“Dia Dezessete”

Décimo sétimo tom

Vinga em mim um amor sublime

Da minha alma emana um som

E mantém meu pulso firme

Minha voz se descompassa

A mentira se tornou verdade

E ainda que meu amor se refaça

A ilusão se não se torna realidade

Quem diria, eu?

Este simples reclamante sem jeito

Pudesse ter um amor meu

Pulsando dentro do meu peito

E nesta hora que sou prisioneiro

E amar é minha prisão

Me torno um exímio engenheiro

Dos sentimentos do coração

Me tornei estudioso do amor

E o amor deve ser escrito com ética

A felicidade é a base do amor

Pra simplesmente amar não existe técnica

Sigo sem destino certo

Num sentimento afoito

Não conheço o caminho ao certo

Melhor aguardar o dia dezoito

“Dia Dezenove”

Hoje tudo mudou

Senti um novo sabor

No grito mudo que ecoou

Descobri que nas flores habita o amor

E em rimas únicas escrevi

Sem entender bem o porque

Fiz especialmente para ti

Um maravilhoso bouquet

Colhi no bosque da vida

Um ramalhete de flores

Feito numa forma colorida

Lhe entrego adornado de amores

Fui bem longe mais encontrei

Tulipa, orquídea, dentes-de-leão

Foi complicado, mas alcancei

Azaléia, girassol a flor de toda estação

Violeta, rosa, beijo-doce

Copo-de-leite, bem-me-quer

Se arquiteto do mundo eu fosse

Faria de você uma flor mulher

E te cultivaria em mim

Com amor e extrema calma

Serias mais bela que o jasmim

E perfumaria a minha alma

Mas como sou um simples poeta

Desta terra que se move

Minha triste voz se aquieta

Findando o dia dezenove

“Dia Vinte”

Hoje o dia está turvo

Coberto de neblina

Parece que cairá o dilúvio

O sol gélido me olha de quina

O vento está frio

A folhagem molhada de orvalho

O meu peito está vazio

Nem me dou mais conta do horário

Nem o meu amor sorri

De tão gelado o tempo

Alguém por favor, me tire daqui

Não quero mais este sofrimento

A poesia é meu fogo

Mantém aquecida minha alma

E a solidão é um joio

Que trás em ti chama apagada

Os poemas me matem aquecido

Amar é meu requinte

Do amor sou um refém enlouquecido

Vivendo este louco dia vinte

“Dia Vinte e um”

Dia vinte e um

Novamente estou sem inspiração

Não tenho sentido algum

Não tenho nenhuma direção

Na neve que cai serena

Sobre minha cabeça nua

Renovo minha alma pequena

Que cresce ao passo da lua

Mal conheci o amor

E é tão real a veracidade

Eu lhe peço, por favor,

Não me deixe conhecer a saudade

A saudade é fria

Tal qual ventania no inverno

E se colocada na poesia

Se torna ardente, um fogo eterno

Sinto um frio incomum

Só o teu calor me aquece

Mal se foi o dia vinte e um,

O dia vinte e dois aparece

“Dia vinte e dois”

Diferente de outrora

O tempo não é mais igual

O que rege nesta hora

É um calor infernal

O sol parece maior

Inundando a terra de calor

Dito minha vida de cor

Citando em poemas o amor

Amor que desconheço

E tão pouco conheço sua temperatura

E mesmo sem saber o preço

Me dou por inteiro a essa loucura

As horas passam e eu nem vejo

Enquanto brinco de amar

Meu peito é envolto por desejo

Só me resta apenas sonhar

Estou vinte e um dias escrevendo

Aguardando o delírio que vem depois

Agarrado a este sentimento

Finalizo este dia vinte e dois

“Dia vinte e três”

Esta noite tive um sonho

Sonhei que eu amava

E com o rosto risonho

Acordei na madrugada

Descrevi minha aventura

Na pagina vinte e três

Foi com um anjo de candura

Que me aventurei desta vez

Esta eu vagando sem paradeiro

Numa noite sem luar

Contando as estrelas do céu inteiro

Navegando nas ondas do mar

Mergulhei no profundo oceano

Buscando inspiração

Mas notei que foi engano

Pois as palavras saem do coração

Pensei que havia encontrado num bosque

Algo que emanava amor

Mas meu coração me deu um toque

Amor-perfeito é uma flor

Voltando decepcionado

Pois queria algo mais

Avistei a definição do pecado

Que tirou a minha paz

Vestida de vento

Com os pés tocando o mar

Se tornou o meu tormento

Pois grandes asas a sustentavam no ar

Tinha uma magia angelical

E olhos azuis cintilantes

Parecia ser um anjo imortal

E uma mulher nua por instantes

Aproximou-se de minha face

Tocou os lábios nos meus

Antes que meus olhos se abrissem

Meu pequeno anjo se perdeu

E assim acordei de meu sonho

E voltei a minha realidade

O anjo que beijou-me em meu sonho

Me fez sentir amor de verdade

Agora apaixonado que estou

Por algo que foge a realidade

Sinto que o amor me mudou

Irei amar por toda eternidade

“Dia vinte e quatro”

Agora já é demais

Não sei o que mais posso propor

Se até em notas musicais

Já tentei decifrar o amor

Formulas mágica já inventei

Mas tudo foi em vão

Contra o sábio tempo eu lutei

Ao meio parti meu coração

Mas nada consegui

Minha sabedoria é bem pouca

Nem sei como cheguei aqui

Até minha voz ficou rouca

Quiçá dia vinte e cinco

Poderei completar meu relato

Desesperado eu me sinto

Mas finalizo calmo, o dia vinte e quatro

“Dia vinte e cinco”

Vigésima quinta estrofe

De um texto que não tem fim

Minha alma de amor sofre

Por um amor que nasce em mim

Meu coração sofrido

Tenta desvendar o enredo

E por toda minha vida

Nunca tive tanto medo

Medo do desconhecido

E da traiçoeira solidão

Medo de ter me perdido

Nas armadilhas do coração

E mesmo assim não me canso

De tentar desvendar

De onde vem este amor manso

Que encanta e me faz chorar

E vezes delirar de paixão

Quando estou enamorado

Vivo nesta aflição

Com o peito apertado

Com frases sem sentido

Monto meu sonho infinito

E em meu coração querido

Acalento este amor tão bonito

Já são onze horas

E nada ainda sei

Deste amor que me controla

Que eu mesmo semeei

E agora me calo

Para escutar o sábio tempo

Para que eu possa acompanhá-lo

E livrar-me do sofrimento

"Dia vinte e seis"

Quem me dera se conheceres

O que eu guardo no coração

Não veria só uma cor

Mas um arco-iris de emoção

Quisera eu que fosse facil

Trazer-te para perto de mim

Colocaria-te num prefacio

Para evitar esta busca sem fim

Nem em meus sonhos loucos de amor

Consigo facilmente alcança-la

Vou copiar sua face em minha mente

E em minha alma imortaliza-la

E assim conhecerás

Meu caminho repleto de flor

E junto a mim contemplaras

Vinte e seis dias de amor

"Dia vinte e sete"

Hoje chorei!

Lavei a minha alma

Em meu mundo me tranquei

E joguei a chave fora

Quase entro em desespero

Ao ouvir a voz da medicina

Minha vida ficou sem tempero

Minha visão se cobriu de neblina

Meu coração ficou tão pequeno

Ao ouvir a voz de minha amada

Num tom seguro, e sereno

Apoiando-me em minha jornada

E mesmo sendo eu uma fortaleza

Em tristezas me desmancho

Quando o destino com frieza

Faz sofrer meu pequeno anjo

Este nobre querubim

Que é o reflexo de meu eu

Foi designado a mim

Um presente de meu Deus

Neste dia que me perdi

Creio eu que vinte e sete

Grande paz adiquiri

E Deus de amor me reveste

E com Deus me apoiando

Revigoro minhas cores

E quando me encontro chorando

Minha lagrimas se transformam em flores

"Dia vinte e oito"

Minhas lágrimas hoje secaram

Um anjo tocou em mim

Deus enviou-me sua milicia

Para em meu desespero por um fim

Sinto agora o ar puro

Atravessar os meus pulmões

Nesta hora estou seguro

Organizei minha esmoções

E em oração fervorosa

Elevo meu pensamento

Arranco espinhos e planto rosas

Na raiz de meu sentimento

Embalado na encantadora melodia

Que faz desaparecer a dor

Transcrevo em versos e poesia

Vinte e oito dias de amor

"Dia vinte e nove"

Dia vinte e nove

O sol nasce mais feliz

E o amor com um brilho enorme

Ensina este nobre aprendiz

O atalho para a felicidade

Sentimento que desconhecia

O caminho que na verdade

E enfeitado de alegria

Brindo comigo mesmo

A vitoria de meu coração

Não ando mais a esmo

Meu olhar ganhou direção

E quase no fim de meu pacto

Meu amor se torna tinta

Borra meu coração inato

E meu peito de amor se pinta

“Dia Trinta"

Hoje quero escrever

Algo que fale de nos

Quero que o amor inunde meu ser

Que de se cale minha voz

Contemplo nossa linda historia

Que foi constituida com ternura

E está guardada em nossa memoria

Em forma de doce e plena loucura

E completamente se engana

Se pensas que te esqueci

O meu peito quente inflama

Quando meu pensamento voa de encontra a ti

Sei que não estou presente

Sempre que me desejas

O meu corpo está ausente

Mas minha minha alma à cortejas

Não me atrevo a dizer que te amo

Pois desconheço este sentimento

Meu coração se equipara ao oceano

Só se move ao toque do vento

E se em algum dia por ventura

Pensares em me esquecer

Seu coração se tornará sepultura

E enterrará em ti o meu ser

E hoje completo trinta dias

Falando somente de amor

Vivendo tristezas e alegrias

Ganhando espinhos e doando flor

“Dia Trinta e um"

Ultimo dia de meu pacto

Trinta e um dias de amor

Completei o meu simples relato

Na companhia do amor

Infelizmente o dia chegou

Mas fico feliz pelo aprendizado

Confesso, que amor me dominou

Conheci a cor do pecado

Completei minha jornada

Ou ao menos uma parte

Não tem fim a caminhada

É um caminho que segue a eternidade

Confesso, que me sacrifiquei

Para sentir em mim o amor

Com a solidão eu vaguei

Meu pensamento se elevou

Emoções intensas eu vivi

O amor me fez renascer

Sem conheci o amor nasci

Conhecendo-o vou morrer

Talvez me torne um sabio

E eu seja a cura de toda a dor

E devaste o mundo inteiro

com minhas palvras de amor

William Gonçalves
Enviado por William Gonçalves em 08/01/2012
Código do texto: T3429135