Eu preciso urgente ouvir Chico 
e me fazer Elis
interpretar cada corte,
cada batom borrado 
e o riso chorado no teu peito ardido 
ardil de tantas traições, e mais nada

Cantar com voz embargada a música triste, 
visceral que fala da minha alma frágil
e feminina, que morre e que mata 
pouco a pouco o que fomos

Apaga a lembrança da cama
e as próprias lembranças são no papel 
apenas rabiscos que se vão

nos vãos que ficam aqui remoídos 
de tantos outros gritos que calei
tão comedida, o que antes foi subversão 
foi alucinação e agora é só orvalho 
caído e sem valo entre os espinhos 
que calaram tantos sonhos bons

E separaram o entrelaçar dos dedos
E deixou inteiro o pão que era dividido
E assim, sem mais, sou menos 
e é tão pouco o que em mim se faz preciso
para ser feliz...

Voltar quem sabe, os ponteiros de nossos 
relógios loucos, e ter de volta o sopro 
da vantania que te trouxe aqui. 

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 07/01/2012
Reeditado em 07/01/2012
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