Diário de Ágatha -2-
Em algum lugar em brasília/DF, 13 de julho de 1994.(depois das 00hs)
Hoje ele apareceu em meu quarto. Foi a primeira vez que permiti tamanha ousadia (risos). Ele apareceu de soslaio pela janela, quando o vi já estava à margem de meu leito. Estremeci. Aqueles olhos me fitavam ardentemente, me devoravam toda. Senti uma espetada na espinha, sei lá, meu estomago parecia revirado ao avesso, e minha cabeça só conseguia raciocinar aquele cheiro acre que emanada de seu corpo. Minha pele ardia, toda a sua extensão parecia coberta por um enxame, doía... e aquele aroma... me deixava... completamente tonta, meio sem sentidos. A cada centímetro que ele se aproximava, meu coração acelerava e parava ao mesmo tempo, cada espaço de tempo em que ele avançava parecia uma eternidade e meu corpo queria urgência. Mesmo assim, me senti paralisada e sem voz, tudo que eu queria era sentir o seu hálito morno em meu pescoço. Ele tocou minha face, e sem que fosse proferia uma palavra deixei que os seus lábios tocassem os meus. Meu corpo estava em chamas. Já nem sei se respirava ou arfava vorazmente como um bicho no cio. E aquelas enormes mãos que se multiplicavam em mil me tocavam como quem procura algo no fundo de uma gaveta cheia de roupas. Eu o queria... e não sei porque começava a pensar coisas estranhas. Não entendia, mas o queria dentro de mim. Aquele calor aconchegante... Abri os olhos para fita-lo mais uma vez, contudo o que encontrei foram os raios de sol adentrando por entre as frestas na cortina da janela de meu quarto... apenas um sonho.