Palavras 0553 - Morada

Cerquei-me de muros,

fiz de mim uma casa diferente,

tenho receios e não medos,

pintei a paixão com o colorido da terra,

aqueci meu-s "eu-s" com o calor do sol,

fiquei sereno e confiei em suas vontades,

agora lhe entrego as chaves, sou morada.

Não quero ser habitado por dias,

sou de amor inquieto,

quero a paixão constante com carinho junto,

sou de vários amores em um,

não pretendo ser seu outro ou mais um,

se não posso ser único me desocupe.

Amar não se aprende,

fizera paixão pensando ser amor,

não quero a mulher amiga,

preciso que se entregue,

que me escute,

sou cúmplice antes de amigo e amante.

Sou também morada do desejo,

tomo e domo a fêmea ao meu prazer,

mesmo que não permita, quero assim,

que perca a linha, a compostura,

quero-te desavergonhada na cama,

que rasgue as vestes e me furte o gozo.

Quando estou triste sou rua,

tenho fases, frio e desalento,

permito-me um renascer em dias,

sou mutante de formas e tamanhos,

fico único, brilhante, habito desertos,

não aqueço, não queimo de paixão,

apenas espero que amanheça o outro.

Quero ser o amante, não tenho formas,

sou de todas as cores de amores,

às vezes até o opaco da razão,

sou morada e não outro esconderijo,

conte suas histórias e as deixe fora,

entre o apaixonar e o amar,

escolha ser morada, escolha ser mulher.

04/01/2012