FAZER POESIA

À princípio, rabiscos desconectados,

Sem rumos, palavras jogadas, perdidas,

Peripécias de uma criança rabiscando,

Brincando numa página já amassada,

Que num impulso joga fora e outra pega.

São os ensaios de quem almeja poetar,

Pois sua Alma quer soltar suas amarras,

E mesmo que as letras sejam rebeldes,

Sem rimas, como um espírito indomado,

A pedra bruta vai perdendo as arestas.

Um cuidadoso artesão entra em cena,

Para domar aquele espírito inquieto,

E com o esmeril vai dando contornos,

Até a joia bonita aparecer fulgurante,

E isso inspira o poeta ainda inseguro.

Depende das emoções do coração,

Que dita quais são as alternâncias,

E cita o amor como a melhor primazia,

Não existindo nada que se assemelhe,

Pois os apaixonados sabem até sorrir.

Os rabiscos ganham então sintonias,

E o possível poeta já pode sonhar,

Com as rimas ganhando sentidos,

Até que nota uma flor se abrindo,

E sobre ela derrama suas emoções.

Vê sentido numa criança sorrindo,

Após saciar a fome no seio materno,

E a mãe cuidadosa beija sua face,

Pois gerou uma vida para dela cuidar,

E o poeta não perde o cenário bonito.

Depara que num esfuziante por do sol,

As nuvens se enfeitam de lindas cores,

Até que a noite cobre-as com seu manto,

E as estrelas piscam num mudo alarido,

E isso enseja para novos versos criar.

Até que como descerrando as cortinas,

A lua brilhante vem fazendo os acenos,

Convidando os que amam para nela mirar,

E nesse momento o poeta já pode fazer,

Poesias de amor para sua Alma sorrir.

03-01-12