Palavras 0551 - Palhaço
Que sopre o vento,
jogue meus restos,
que tudo vá para o alto e leve,
sou despretensioso,
não aguento muros e cercas,
chega de amarras, hoje estou liberto.
Não tenho medo,
já rasguei meu nome,
quebrei convenções,
não vou começar agora,
vou fazer tudo novo,
até o sorriso de deboche mudei.
Sou o pecador confesso,
misturo missas e rituais,
sou profano e amante infiel,
que eu morra agora,
quero e vou nascer novo, quase todo.
Parei de jogar com paixões,
devolvo a vocês seus corações,
venha amanhã buscar o seu,
hoje ainda preciso sonhar,
brincar de ser amante,
mesmo que não queira, fico hoje.
Amanhã pintarei meu rosto,
por dentro e por fora,
secarei as amarguras,
viro palhaço,
serei o que sempre fui no amor.
Quero sair voando,
jogando pétalas e pedaços do antigo,
nada mais é do meu querer,
hoje fiquei palhaço,
único amigo de amantes absurdos,
sou ‘um qualquer’ de todos os amores.
03/01/2012