O intérprete de sonhos

Sou um falsificador de espelhos.

E sobre a superfície plana e polida,

onde aspiro a eternidade branca,

meus olhos são como as estrelas,

caladas, brilhantes, cansadas.

São duas horas agora presas

nos ponteiros de um relógio de pulso,

que se perderam em seu corpo inverso.

O amor retorna a essa casa de ilusão,

forçando a porta com seus cascos de prata,

enquanto o teto se abre para o céu vermelho,

de fissão nuclear e pecados evaporados.

O Lord Azul retira de sua cartola cinza

os sonhos mortos recém suturados,

os transforma em pigmento e tinta verde

com o qual escreveremos na muralha do tempo

nossa velhice precoce e adolescência forçada.