Do amor
Está na ponta da minha língua estúpida,
como uma lâmina para cortar a fala,
para conter a respiração curta, falsificada,
e sangrar as veias por onde corre e cala.
Perpetua o descartável de meu sorriso,
em movimento ou estático apenas,
tão alheio e tão dono de sua fé.
Está fora de controle e está errado,
está tão fácil e tão pequeno,
porque se ontem matou minha crença,
hoje torna todas as portas abertas.
Se o amor tem dois lados iluminados,
tem a escuridão do lado de dentro,
onde não entro e de onde não saio,
por onde estive quando desconhecido,
e por onde corri, quando desinventado.
E toda invenção de um brilho mecânico,
tem a sutileza de uma flecha de prata,
que penetra meu peito agora vazio,
descrente do mundo e cheio de nada.
Eu sei das dores ocultas em olhos violentos,
em nomes gravados em mentes torturadas,
em desejos nebulosos sobre fantasmas distantes.
E se sei de meus pecados duvidosos,
perco um tempo entendendo o som do coração,
que se vê iluminado pelo passado que retorna,
para dentro do peito errante de meu irmão,
chamado de desconhecido e inanimado,
distante do mundo e cansado de todos nós.
Está na manhã fluorescente que inventei,
está na verdade que desconhecia da noite.
Não sou eu, nem o mundo aparvalhado.
O amor está onde coloco meus pés cansados.
O resto é morte, poeira e engano avisado.