CARTA SUICIDA

Escrevi-te uma carta

Começa que você tem de abrir pela abertura

Que tive que lamber para fechar a laqueadura

Quando leres arrancarás parte do envelope

Que te escrevo e quando puderes chegar ao final

Esqueça tudo que já te escrevi

Pelo meio e entremeio

Pois tudo que escrevi

Virou pó...

E o que todos querem escrever é uma só frase sempre

Não se negue a ler você é parte de meu ser

É EU TE AMO... Não me leve tudo

Que te fiz, deu muita dor te fazer

Foram nove meses

E outros nove mil anos

Daria-te pra te dar luz a vida de novo

E voltemos pro começo pode ser?

Tantas coisas pra se ler e tudo que quero

É que deites do meu lado

E que sugues meu peito

Se outro jeito não tiver

O delito haverá de ser meu

Nunca te dei a atenção que o marginal te deu

Dei-te mamadeiras, mas crescestes em córregos e nadadeiras

Coloco-te no meu colo, azulejo tua vida

Perdi a vergonha joguei fora a muito tempo as parreiras

Não se perca de mim meu grande amor...meu amado filho

O fácil das drogas é saber experimentar

O difícil é não gostar

Toda viagem acaba em qualquer lugar

Entre mortos e feridos

Existem os que socorrem

E aqueles que não podem ser socorridos

Ferem-se outra vez

Há os mortos e os “morridos”

Que sempre voltam depois

Me leve contigo filho amado

Não te quero em saudade

Nada é mais importante

Que o teu ser

Nunca te abortarei

Nem depois de homem

Amo-te!

Tua mãe que mal reconheces...

Que te espera noutro mundo

Pois que agora repararei meus erros

Quando te esperarei com os braços erguidos!

Com amor te espero!

Tua mãe que partiu pra te esperar

pois que neste mundo em que estás

entendi que esperança não há!

Beijos tua mãe...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 27/12/2011
Reeditado em 27/12/2011
Código do texto: T3408404
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