"Minhas noites de amor"
Minhas noites de amor
São angelicais, são satânicas
São pureza, são infernais
São noites de alegria
São ecos da fantasia...
Noites das calmarias
Às efervescências
Do regato ao caudaloso
Que em cascatas suadas
Vertigens abençoadas
Debruçam-se extasiadas...
Noites de puro vício
Champanhe efervescente
Dedos que me vasculham
Boca que me procura
Na magia das tentações
Em busca das sensoções...
São hálitos descontrolados
Entregas desmioladas
Murmúrios embriagados
Afagos desesperados
Seguindo à ebulição
São confetes da sedução...
Do andante ma non troppo
Do pizzcatto, do bandolim
Das bombas de festim
À eclosão, andante, menuetto
Allegro moderato, tudo enfim
Gemidos desconcertantes
Em rítmos alucinantes...
No ar, sons melódicos ecoam
Abafados, lentos, em emoção
Em regurgitares de amores
Ao bicorar dos licores
Borbulham na iniciação
Como em noites de verão
Fantásticos e sedutores...
Amor, que tanto envaidece
Na luxúria destemperada
Nas noites assim tão suadas
Febres que nunca terminam
Ariscas feito aves de rapina
Feras acuadas, esfacelados
Caprichos disseminados, iluminam...
Possuir uma noite de amor
Levar para o espaço todo sabor
Brincar de vida, cânone do além
Cercar veredas, ser tudo, ser ninguém
Subir ao cadafalso, implorando sim
Gozos intensos, torres de marfim...
Seguindo para encerrar
Trocas de taças de cristal
Iluminam a calmaria
Arfando lento, cadenciado
As loucuras, vivenciadas
Entregas ao beijo final
Encerradas, sim...
Myriam Peres