E Tu dizes…
Coisas que eu não sei
Ou não quero ouvir
Coisas enormes
Mas que para mim são pequenas
Coisas alegres
Mas que me soam a banalidades
Ou por vezes
À mais densa tristeza…
E bem o dizes
Insistindo que eu não te ouço
Ou que estou no modo de “piloto automático”
Um modo de automação
Que serve de defesa
De forma a só chegar o essencial ao nosso coração…
E no meio de um certo desespero
Pela incapacidade sem seres escutada
Dizes que me apaixonei
De forma acidentada
Ignorando que te ouço
Nunca te deixei de ouvir
Mesmo quando as palavras se revelam excessivas
E resvalam para uma discussão
Eu ouço-te
Eu sempre te ouvirei
Parecendo distante
Porque são por vezes tortuosos os caminhos da paixão
Mas eu ouço-te
Bebendo cada pormenor das tuas palavras
Eu ouço-te
Quer esteja contigo de facto
Ou algures numa espécie de espaço do nada
Eu ouço-te
No mais frio dia
Ou na nossa mais quente madrugada…