Poema 0945 - Saudade
Um dia voltarei vento,
como a mão que acena,
a lágrima que corre o mundo,
o grito que morre na montanha,
a terra que é cortada ao meio.
Vou onde a planta germina
e a água brota na fonte,
como um adeus,
escorro entre grãos enterrados,
em um cantar natural.
Corre assim minha saudade
no entremeio do meu corpo,
tinge de branco o vermelho,
salva minha magoada paixão
escondendo-me em uma nuvem azul.
Soltem minhas asas de fogo,
careço correr com meus sonhos,
ainda que queime as vontades,
deslizo por esteiras de chuva
até um dia mudar o vento.
08/01/2007