Poema de Amor - Capítulo VII
A cópula de nossas almas madrugada adentro
Entre lençóis algodoados, úmidos e quentes
Na cama, entre luzes, tremor, nós epicentro
Regados aos rechaço de dois corpos ardentes
Volvesse as lembranças aquele dia fatídico
Do retorno a andanças no coração febril
De quando chegamos de encontro ao verídico
Do nosso fim, pois foi assim, o fato hostil...
Ah amor que frutificou em largo dos tempos
Não fosse o fim da estrada para ti, formosa,
Poderíamos passar de novo esses momentos
Como filmes de nossa vida, inda maravilhosa
O que será de um coração só, que ardil outrora
Foi-se desinteiro pela vida agora, a ir por vagar
Pelos mundos e micromundos derradeiros, afora
Você que só restou linda e viva em meu lembrar?
O que me resta pela distância que nos acomete
O destino mais trágico, cruel, insípido e agreste
Que poderia alçar uma alma que ama e se mete
Em meio às entranhas de sentimento inconteste?
Esse amor, tão grande e que se expande perene
Nunca visto por olhos ou imaginado por mentes,
Quando sem ti, perto de mim, sinto-me impene
Um pássaro nu, sem plumagens, caos reticentes...
E naquela madrugada, a última lembrança
Fez-me agora partir o coração que emana
Todo amor por ti que ainda quando criança
Sentia pelo mundo, e a força sobre-humana
Que hoje tenho que despender do meu ser,
Oh meu amor que partiu, levou parte de mim
Ao seu túmulo e ao além - do que posso viver,
Sem ti, sem teu corpo, teu cheiro... Foi assim.