ÁGUA NA BOCA
Na boca carnuda
O toque brilhante do batom rubro
Desejo-te e te cubro
Tua essência descobre
Abre-se a boca docilmente
As mãos se enroscam
O beijo de veludo molhado
Misturam-se fluidificando gostos
Que entorpecem uma viagem incontida...
Transporta para uma sensação já sentida
É a busca incessante da corrente
Do pensamento e do puro e absoluto prazer
Teus quadris desmesurados abertas asas imaginárias
De uma mágica joaninha se alinhavam ao centro
Em pigmentos desprendendo-se
Em feromonios como polens ao vento
Invadem-me em sinapses começo a drenagem
Abrem-se paralelas janelas que semi-abrias
Lipoaspiradas em ardente seiva
Flores amarelas a joaninha lambiscando
Voa liberta em instantes fugidios
Preenchendo espaços vazios
Extasiando-se em cios
O amor crescendo na relva do amor crescido
Acontece o riso um êxtase incontido e lúdico
Amortece a queda vertiginosa
Fecunda a rosa e o besouro vira leve folha
Sem escolha derrama o vinho suave
Que escorre quando solta a rolha
Escorre seu licor envelhecido
Olha no seu rosto
O delicado gosto do mosto
Agora jaz enegrecido no acre máximo da exsudação
A volúpia foi incontida e a paixão muito louca
Liberou daquele beijo o instinto do limão
Que só de pensar dá água na boca...