Sodoma Night Club

Crianças retalhadas sobre a mesa,

ofendendo meu olfato refinado,

mulheres dançantes seviciadas,

homens enjaulados, talheres de prata.

Minha guitarra grita, desesperada,

mantendo seus sentidos adormecidos,

como quem morre, mas não acaba,

como quem se alimenta do imundo,

como quem dorme com o invertido.

Eu uso os caminhos, não ando,

atado em minhas tiras de couro,

com argolas que me atravessam a carne,

como um milagre de outona bombardeado,

como um olho perfurado pela beleza.

E somos despojos da sobra do céu,

Somos o abismo entre meus genitais expostos

e suas pernas sempre abertas.

Inventei a música dos aleijados,

ocultos pelas pinturas de santos tortos.

Só importa a voz que brota da escuridão,

inunda a nave deserta de almas,

repletas de corpos acorrentados,

bocas sempre abertas engolindo,

o fluido seminal transformado em pão,

e o sangue envenenado

transformado em vodka barata.